Um museu dentro de uma estação de tremQuem já foi no Museu d’Orsay em Paris definitivamente reparou na arquitetura incrível que abriga um dos acervos de arte mais bonitos da cidade. Antes de ser museu, o prédio foi uma estação de trem que operou até meados de 1939. Após um longo período de abandono, o prédio foi reformado e transformado em museu. Em 1986, o d'Orsay abriu as portas para triunfar como um dos mais fantásticos museus de arte do mundo.Focando nas obras da segunda metade do século XIX até o início do século XX, o Museu d’Orsay reúne os maiores expoentes do impressionismo, pós-impressionismo e realismo. Entre pinturas, fotografias e esculturas, é possível passar uma tarde inteirinha apreciando diferentes tipos de manifestações artísticas sem perceber.Como já é de costume, vou escolher alguns artistas que mais me impressionaram para comentar. Desta vez eu tive dificuldades para escolher, imagine Cézanne, Renoir, Matisse, Van Gogh, Monet, Manet, Degas, todos ali, inteirinhos para a gente se esbaldar. Vale ressaltar que durante o século XIX e XX a França era o centro da arte no mundo, e as coisas mais importantes giravam por ali. Dá uma imensa vontade de sair falando francês por aqueles corredores como se a gente fosse um artista da época. Bom, vamos lá! Senão eu fico aqui até amanhã falando dos detalhes do d'Orsay.
O que você não pode deixar de ver no Museu d’Orsay
O primeiro grande artista do qual vou falar é Degas e suas bailarinas. De tanto o artista frequentar a Opera House de Paris, acabou virando íntimo dos funcionários do local ao ponto de ter praticamente uma carta-branca para ir e vir dos ensaios das bailarinas. Ele as pintava sem descanso, experimentando todos os tipos de forma e ângulos possíveis. Em uma de suas obras, “La Classe de Danse”, o artista retrata um ensaio de ballet chegando ao fim, em que os alunos estão esgotados, dispersos, já sem atenção aos ensinos do professor. Degas fez parte do movimento impressionista, e uma das características mais acentuadas do impressionismo é justamente a maneira como a luz é pintada com sombra nos ambientes. Preste atenção nas pinceladas dos vestidos e como o chão tem importância nesta obra, mudando a perspectiva de visão que temos da obra de arte. É maravilhoso!
Não há como falar do Museu d’Orsay sem falar de uma das obras mais citadas no mundo inteiro, a Noite Estrelada de Vincent Van Gogh. Mas calma! Não é aquela noite estrelada que muitos conhecem, com as árvores se misturando com o céu e as estrelas em um espreguiçar contínuo. A obra que se encontra no d'Orsay é uma que ele fez antes de sua condição psicológica o dominar. Essa versão é muito mais calma e serena, tendo sido a segunda da série que tem o céu do anoitecer como foco, com o Rio Reno como coadjuvante. Os diversos tons de azul prevalecentes representam uma passagem que ele havia escrito em uma carta para sua irmã, citando “muitas vezes a noite me parece muito mais rica em cores do que o dia”. Lindo, não é?!
Para encerrar, vou falar de uma das obras que mais me deixaram sem palavras até hoje. A Origem do Mundo, de Gustave Courbet, leva o pódio no que diz respeito ao choque cultural que se espera de uma obra prima. A arte nada mais é do que o sexo feminino em evidência – MUITA evidência! –, mas ela fala mais do que isso. É o empoderamento feminino, em uma época na qual as mulheres não tinham voz, eram "figuras de segundo plano".Courbet retrata não somente de onde todos viemos, biologicamente falando, mas também discute a própria sexualidade feminina em sua natureza mais bruta, escancarada e peluda, contrastando diretamente com a imagem recatada e estéril das mulheres da época. O artista sem dúvida marcou a história da arte com esta obra! E, se pararmos para pensar, ela ainda é tão contemporânea, atual, que até nos dias de hoje, mais de um século depois de sua criação, a pintura ainda nos choca. Sou fãzona dele!
O museu abre diariamente às 9h30 da manhã e fecha às 18h, exceto às quintas quando ele permanece aberto até as 21h45. A entrada custa menos de 10 euros, mas é possível comprá-la com desconto se você apresentar a entrada do museu Orangerie, outro centro de arte parisiense maravilhoso! Vale muito visitar os dois e ainda pagar menos. Me avise se você for, vou adorar saber quais foram as suas obras prediletas.Veja também: 11 lugares para visitar em Paris